Representante assistente do Fundo de População das Nações Unidas em Angola, manifestou-se preocupada com a prática de mutilação genital feminina em África, um problema que prejudica anualmente 3 milhões de mulheres, mas que, felizmente, não tem expressão em Angola.
_______________________________________________________________________________________________
POC NOTÍCIAS: Pedro José Mbinza | geral@pocnoticias.ao| Foto: DR
O Fundo de População das Nações Unidas em Angola capacitou esta quarta-feira, em Luanda, jornalistas de vários órgãos de comunicação social em matéria de comunicação de emergência e saúde sexual e reprodutiva em Angola, que significa que todos devem ter uma vida sexual prazerosa e segura através de disponibilidade de toda a informação no que diz respeito à sexualidade e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Durante a sua intervenção, a representante assistente do Fundo de População das Nações Unidas em Angola, Marina coelho, manifestou-se preocupada com a prática de mutilação genital feminina em África, um problema que prejudica anualmente 3 milhões de mulheres, mas que, felizmente, não tem expressão em Angola.
“Houve uma diminuição de casos de mutilação, mas é fundamental desenvolvermos trabalhos de sensibilização junto dos governos e autoridades tradicionais para apoiar as meninas, a fim de não serem submetidas a este procedimento obrigatoriamente, como tem acontecido em alguns países do nosso continente. Praticando este acto tradicional, a menina pode enfrentar problemas de satisfação sexual. Esta é uma prática cultural que deve ser eliminada”, considerou a representante.
Comunicação durante uma emergência
Mesmo em condições normais, os problemas de saúde reprodutiva estão entre as principais causas de morte e doenças para as mulheres em idade reprodutiva. Quando surge uma crise, muitas vezes o atendimento qualificado ao parto e o atendimento obstétrico de emergência ficam indisponíveis, exacerbando a vulnerabilidade das mulheres grávidas.
Segundo ainda a formadora do Fundo de População das Nações Unidas, Ikena Carreira, as mulheres também enfrentam outras ameaças. A ausência de serviços e suprimentos de saúde pode aumentar os riscos de contrair HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis. Em situações de conflitos, migração forçada e desastre, a violência sexual é conhecida por aumentar à medida que os sistemas de protecção da comunidade quebram. Além disso, acrescenta a especialista, o peso dos cuidados que as mulheres assumem pelos filhos e outras pessoas podem dificultar o cuidado adequado de si mesmas.
Durante o encontro de formação, foi avançado que a imprensa deve garantir que os jovens tenham acesso à informação sobre saúde sexual e reprodutiva, incluindo a educação sexual abrangente, o reforço da capacidade e informação de profissionais para responder às necessidades da saúde sexual e reprodutiva no país, garantir zero necessidades não atendidas de informações e serviços de planeamento familiar e disponibilidade universal de contraceptivos modernos e lutar por zero mortes maternas evitáveis.
Situação da saúde sexual e reprodutiva em Angola
Em Angola, a saúde sexual e reprodutiva caracteriza-se por uma elevada taxa de fecundidade, de prevalência de abortos e de doenças de transmissão sexual e propagação do VIH/Sida. Todos estes aspectos decorrem ou são agravados pelo limitado acesso aos serviços de saúde em geral e, em particular, ao planeamento familiar, à cobertura pré-natal e ao parto institucional assistido.
O sistema nacional de saúde tem uma responsabilidade particular em garantir que os objectivos e metas do milénio relativos à saúde materna e infantil sejam bem compreendidos e que os programas e projectos sejam implementados com eficácia e eficiência. Ora, o sucesso deste empreendimento depende, em grande medida, das parcerias estabelecidas entre o governo central e locais, organizações da sociedade civil, igrejas (Conselho de Igrejas Cristãs em Angola), do engajamento dos serviços, dos profissionais de saúde e da população.
Partos fora das instituições em Angola
Cerca de 50℅ dos partos ainda ocorrem fora das instituições de saúde e igual proporção é observada em termos de partos realizados por profissionais capacitados. Na área rural, este índice ainda é mais baixo, estando em torno dos 20℅. Angola ratificou diversas iniciativas internacionais e regionais que têm sido lançadas, com o objectivo de mobilizar e sensibilizar os governos para a melhoria da saúde da mulher.
Estima-se que em Angola 37℅ das meninas entre 15 e 19 anos já tiveram a primeira gravidezsto. Isto está relacionado com abandono escolar. Um dos indicadores chave que prevê a pobreza de uma criança é a idade e escolaridade da mãe.
O Fundo de População das Nações Unidas, criado em 1969, é a agência das nações unidas responsável por todas as questões populacionais em todos os países que opersm. Desde a sua criação, tem sido um actor chave nos programas de desenvolvimento populacional relacionados com os temas de saúde sexual, reprodutiva e igualdade do género.