Mais de novecentas crianças foram vítimas de abuso sexual em Angola entre os meses de Janeiro e Novembro do corrente ano, revelam dados oficiais divulgados pelo Instituto Nacional da Criança (INAC), números que expõem uma realidade alarmante e colocam em evidência a fragilidade da protecção infantil no país.
POC NOTÍCIAS | ANA ATALMIRA | geral@pocnoticias.ao | Foto: DR
De acordo com a informação tornada pública pela instituição, Angola regista, em média, quatro casos de abuso sexual de menores por dia, um indicador considerado extremamente preocupante pelas autoridades responsáveis pela defesa dos direitos da criança. A dimensão do problema evidencia não apenas a gravidade dos crimes, mas também a urgência de medidas mais eficazes de prevenção, denúncia e responsabilização dos agressores.
Os dados apresentados pelo INAC revelam ainda um aspecto particularmente chocante, apontando que cerca de 80 por cento dos casos de abuso sexual contra crianças ocorrem no seio familiar, contrariando a percepção de que o perigo se encontra maioritariamente fora do ambiente doméstico. A informação foi avançada pelo director do Instituto Nacional da Criança, Paulo Calesse, que alertou para o facto de muitos dos abusos serem praticados por pessoas próximas das vítimas, o que dificulta a denúncia e prolonga o sofrimento das crianças.
Especialistas em protecção infantil consideram que estes números reflectem um problema estrutural, associado ao silêncio, ao medo, à dependência económica e à falta de mecanismos eficazes de acompanhamento das famílias. Defendem, por isso, o reforço das campanhas de sensibilização, o fortalecimento das instituições de protecção da criança e uma actuação mais célere da justiça.
O INAC sublinha que o combate ao abuso sexual de menores exige o envolvimento activo da sociedade, das famílias, das escolas e das autoridades, alertando que a omissão e o silêncio contribuem para a continuidade destes crimes que deixam marcas profundas e duradouras na vida das crianças.
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