O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, anunciou esta quarta-feira, na sessão de abertura da Conferência Internacional de Minas de Angola (AIMC 2025), que o país atingiu 14 milhões de quilates de diamantes brutos produzidos em 2024, o valor mais alto de sempre registado no sector.
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Segundo o governante, este desempenho ocorre apesar da conjuntura internacional desfavorável, marcada pela descida dos preços dos diamantes. Angola mantém-se, assim, entre os principais produtores mundiais, e reforça a sua atractividade para o investimento privado. O ministro destacou ainda que, fruto de intensos trabalhos de prospecção aérea geofísica, foram identificados cerca de 20 novos alvos quimberlíticos na província da Lunda Norte, uma das zonas mais estratégicas para a indústria diamantífera.
No domínio da diversificação, Diamantino Azevedo referiu que nove fábricas de lapidação já operam no Pólo Diamantífero de Saurimo, reforçando a transformação local da produção nacional e permitindo gerar maior valor acrescentado no país. Para além do diamante, estão em curso projectos de refinação de ouro e de produção de silício metálico, bem como empreendimentos estruturantes nos segmentos de ferro, manganês, nióbio, cobre e fosfatos. Estes investimentos visam posicionar Angola como um futuro actor relevante no fornecimento de matérias-primas para a indústria global e, ao mesmo tempo, contribuir para a industrialização interna.
O ministro sublinhou também o impacto social do sector mineiro, lembrando que em 2024 foram concluídos 21 projectos sociais, num investimento global de mais de 23 milhões de dólares, com foco na construção e reabilitação de infra-estruturas escolares e técnicas nas províncias da Lunda Norte e Lunda Sul. Actualmente, 1.300 estudantes beneficiam de programas de formação técnica e científica apoiados pelas empresas do sector, num esforço de valorização do capital humano nacional e de fortalecimento das competências locais.
No campo da modernização administrativa, foi apresentado o Cadastro Mineiro Digital de Angola, uma plataforma tecnológica que permitirá substituir os processos físicos por tramitação digital, conferindo maior transparência, eficiência e previsibilidade à gestão das concessões mineiras. Esta inovação enquadra-se na política de transição digital do Executivo e pretende melhorar o ambiente de negócios no sector.
Ao encerrar a sua intervenção, Diamantino Azevedo afirmou que “Angola está a entrar numa nova era da mineração e da transformação industrial”, destacando que o país já produz ferro gusa, ferro-silício e silício metálico e prepara-se para iniciar a produção de polissilício, aço, painéis solares e fertilizantes nacionais. Estes projectos, acrescentou, fazem parte de uma estratégia mais ampla de redução da dependência externa e de promoção de um desenvolvimento económico sustentável e inclusivo.
A AIMC 2025 decorre em Luanda e reúne decisores políticos, investidores, operadores e prestadores de serviços, num momento em que o sector mineiro angolano procura consolidar-se como um dos mais dinâmicos e estratégicos da economia nacional.