Dois jornalistas da agência noticiosa francesa AFP queixaram-se hoje de ter sido agredidos pela polícia quando faziam a cobertura de uma manifestação em Luanda e afirmaram ter sido obrigados a apagar as imagens.
Em declarações à Lusa, o fotógrafo Osvaldo Silva contou que foi espancado e agredido com cassetetes, tendo-lhe sido retirado o telemóvel, apesar de se ter identificado como repórter.
“Eu estava no chão, começaram a bater e eu disse que era jornalista, mas não quiseram saber”, relatou.
Osvaldo Silva disse que tinha uma credencial, atestando que era jornalista, mas que a mesma foi “arrancada” pela polícia, que o coagiu também a apagar as imagens do cartão da máquina fotográfica.
“Fiz um esforço grande, agarrei-me à câmara e como tinha um outro cartão, troquei”, explicou o fotógrafo, acrescentando que foi levado a uma esquadra e libertado algum tempo depois.
Um outro jornalista da AFP, Jorge Simba, disse à Lusa que foi obrigado a apagar as imagens e impedido de fazer a cobertura da manifestação.
“Se nós estamos credenciados como jornalistas, estamos autorizados a cobrir todos os eventos. O meu trabalho é esse, fazer a recolha das imagens para mostrar o que estava a constatar e fiquei sem nada”, criticou.
Jorge Simba lamentou a atuação da polícia, que reprimiu fortemente a manifestação, com recurso a cavalaria, brigadas caninas e gás lacrimogéneo, e sublinhou que a polícia devia garantir a segurança dos jornalistas em vez de tentar travar o seu trabalho.
A manifestação terá resultado em cerca de 40 detidos, segundo o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) Nelito Ekukuiu.
A Lusa pediu esclarecimentos à polícia sobre as detenções, até agora sem resposta.
A direção do Sindicato dos Jornalistas vai reunir-se e tomar posição sobre o assunto, segundo o presidente do órgão, Teixeira Cândido.
No total, foram detidos seis jornalistas, segundo o sindicato.
A marcha, convocada por ativistas da sociedade civil, contou com a adesão da UNITA e outras forças da oposição e visava reivindicar melhores condições de vida, mais emprego e a realização das primeiras eleições autárquicas em Angola.
Fonte: LUSA