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Marjorie Estiano, actriz que interpreta “Carolina” na série “Sob Pressão”, em exibição na Globo, às quartas-feiras, às 21h10 (ANG), comenta sobre a fase da personagem após descobrir um nódulo na mama. Na entrevista a actriz revela os desafios da personagem que experiencia uma inversão de papéis: de médica à paciente.
Como você descreve o momento de Carolina na quinta temporada, levando em consideração o cancro de mama?
A descoberta de um cancro nunca vem em boa hora, não existe momento mais ou menos adequado para se enfrentar uma questão como esta, mas nesse período da vida surpreende muito, desorganiza todos os planos. Carolina vai viver o medo da morte, a negação, a aceitação, a luta dura contra uma doença e todos os efeitos psicológicos e físicos, profissionais e pessoais dessa fase. De repente, tudo muda. É um chamado e Carolina passa por essa trajectória vivenciando todas as etapas e a transformação que um diagnóstico como este oferece a alguém.
Cancro de mama é um tema de extrema importância. Como é para você poder dar vida a uma personagem com esta doença e, consequentemente, poder alertar as mulheres sobre os cuidados e tratamento?
Muito especial estudar este tema. No mundo, o cancro é de maior incidência entre as mulheres. E conhecer mais intimamente este assunto é uma aprendizagem que vou desfrutar também de forma muito prática e concreta na minha vida. É verdade que sempre desfruto de muita aprendizagem em ‘Sob Pressão’, mas quando o ponto é especialmente feminino, me sinto muito identificada. Qualquer uma de nós pode passar por um cancro de mama, directamente ou através de conhecidos. E mesmo que isso não aconteça, poder promover saúde é um dos lugares mais prazerosos e gratificantes que vivo junto da série. Pude conhecer histórias lindas, mulheres incríveis, inspirações para minha vida. Médicas, pacientes, voluntárias. Até por ser uma realidade de muitas mulheres e famílias, a quantidade de histórias compartilhadas preenche muito. Pacientes de faixa etária distinta, de classe social diferente, em fases diferentes na relação com a doença, com o tratamento, recém-diagnosticadas, metastáticas, uma partilha muito bonita e generosa.
Acho que na minha vida, foi onde eu vi mais claramente o sentido de palavras como solidariedade, empatia, sororidade e companheirismo. E até minha perspectiva sobre as redes socias se ampliou, percebi como ela pode se tornar um instrumento capaz e forte de união verdadeira, de acolhimento, de informação, de cura, um viés que ainda não tinha observado tão intimamente. Quando abordamos um tema de tamanha relevância para a população, é muito importante ter cautela, principalmente porque o desejo é de oferecer identificação, esclarecimento, amparo, assim como outros temas muito sensíveis que já tratámos. É fundamental que que sirva a quem vive directa ou indirectamente esta circunstância e a todos de maneira geral. Tem sido muito mais bonito do que poderia imaginar, me surpreendi muito com tudo que tenho lido, visto e ouvido. Mais uma vez muito grata pela oportunidade.
Como você avalia a trajectória da sua personagem?
É nítido o amadurecimento desta mulher e vejo o meu também, tanto profissional quanto pessoal. Nunca tinha feito uma personagem por tanto tempo, nem trabalhado com a mesma equipa. É muito interessante ver o crescimento da Carolina, ver como as experiências vão modificando o comportamento com o passar dos anos. É em um gráfico irregular, cheio de altos e baixos. Uma personagem belíssima, complexa e inesquecível. Eu sei que meu lugar de aprendiz é para vida toda e com ela eu ampliei a minha compreensão da profissão, da relação com os colegas de trabalho, com o colectivo, com o país e comigo mesma. Sinto-me muito mais inteira.
A série é uma co-produção da Globo e Conspiração. A quinta temporada de ‘Sob Pressão’ é escrita por Lucas Paraizo com Márcio Alemão, André Sirangelo, Pedro Riguetti e Flávio Araujo, com direcção artística de Andrucha Waddington e direcção de Andrucha, Mini Kerti, Rebeca Diniz, Julio Andrade e Pedro Waddington. Com produção de Isabela Bellenzani (Globo) e Mariana Vianna (Conspiração), tem direcção de gênero de José Luiz Villamarim.