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Qual é a sensação de vencer o “No Limite”?
Para mim, essa victória é como se eu estivesse ganho uma Copa do Mundo, um campeonato mundial de ciclismo. Era algo que me faltava, nessa grandiosidade. Então, foi muito bom e estou a vivenciar tudo isso com muita intensidade. Por muito tempo ainda, espero que fique assim, mas a ficha ainda não caiu totalmente.
Se analisar tudo o que viveu no reality, o que foi mais difícil?
Eu nunca tinha sentido fome na minha vida. Isso foi realmente muito difícil e acabou por influenciar muito na convivência. Se fosse do lado de fora, ia ser pior esse acampamento (risos), mas ali precisamos abaixar a temperatura entre nós. Foi bem difícil passar por essa limitação de comida e conviver com pessoas tão diferentes ao mesmo tempo.
Para você, qual é o saldo dessa experiência? Quais são os aprendizados?
Aprendi que a fome é uma coisa que dói bastante, e a gente passa a rever algumas coisas. Daqui para frente, quero realmente poder ajudar muitas pessoas nessa situação. É algo que vou levar para vida. E ter vivido essa experiência na Floresta Amazônica também me agregou em muita coisa. Ali conseguimos nos desconectar desse mundo urbano e, então, olhar um pouco mais para dentro da imensidão da Amazônia. E ver o quanto a gente precisa cuidar dessa floresta e sua cultura.
Você foi eliminado pela Jenipapo, foi para a Ocuīride, voltou para o jogo e se consagrou campeão. Como você avalia a sua trajetória no programa?
Quando eu saí do jogo pela primeira vez, fiquei muito frustrado, bravo, desanimado, bem triste. Com a notícia de que teria uma oportunidade de voltar, comecei a repensar tudo e precisei logo colocar em prática, para já, porque lá não dá para esperar nenhum minuto, as coisas acontecem muito rápido. Quando você se expõe muito no jogo, as pessoas passam a desconfiar de você. No momento que eu dei uma bobeada, já fui eliminado. Então, tive que voltar com muita força, queria muito ir até a final. Analisei a minha trajectória, deu tudo certo. Acho que era para ter sido exatamente como aconteceu: ter sido eliminado e ter voltado. Sinto como se o programa tivesse sido feito para mim.
Qual foi a sua estratégia de jogo, como você escolheu jogar? Foi surpreendido em algum momento ou precisou recalcular rotas nas alianças?
Quando eu cheguei no programa, vi que todo mundo queria muito falar, saber um do outro. Isso é normal. Mas eu procurei ficar um pouco mais na minha, mais imparcial, ser aquela incógnita do jogo, sabe? Aquele que deixa todo mundo em cima do muro, mas a partir do momento que eu saí do jogo, tive que repensar. Voltei um pouquinho mais aberto, mas não tanto, a formar novas alianças para poder chegar lá na frente. Principalmente com as meninas, que eram o grupo mais forte. No último Portal, quando deu o empate, eu sabia que qualquer coisa que eu falasse poderia se voltar para mim. Ali eu vi que a luta em si era entre a Paulinha, Raiana, Fulý e Carol, então tinha que deixá-los discutirem entre eles. Preferi ficar quietinho, rezar para todos os santos e deu tudo certo.
Como você analisa o jogo da Raiana e Fulý, que chegaram com você até a final?
O Fulý é um jogador nato, né? Assistiu a várias temporadas do programa ao redor do mundo, então ele estava bem focado no dele. Conseguiu confundir o pessoal por muito tempo e saiu grandão no jogo. É um cara muito esperto, racional, eu o admiro por ter chegado onde chegou, por toda sua trajectória. A Rai é uma pessoa mais quieta, parecida comigo. Construiu a sua trajectória aos poucos, foi grandona nas provas e chegou onde chegou por muito mérito. Foram dois gigantes comigo na final.
Você chegou a dizer que queria provar que a deficiência não era limitadora e fez isso tão bem que é o grande vencedor! Qual recado você quer deixar?
Achei demais que o programa abriu as portas para mim. Espero inspirar mais pessoas com deficiência e mostrar que somos capazes de fazer qualquer coisa que quisermos. Talvez a gente não consiga fazer de primeira, o processo pode demorar um pouquinho mais, ou ser um pouco diferente, mas lá na frente você vai conseguir ser victorioso. Outra coisa que fiquei muito feliz foi de conhecer o Fernando. Ele é meu ídolo, está sempre a mostrar o quanto a gente é capaz. Espero passar esse recado para todo mundo e incentivar as pessoas a acreditarem nos seus sonhos.
O que pretende fazer com o prémio?
Com certeza, a prioridade é ajudar a minha família. Depois, quero investir em alguns equipamentos de paraciclismo, que são bem caros. Quero ajudar a minha família e me ajudar no esporte.
“No Limite – Amazônia” teve apresentação de Fernando Fernandes, direcção geral de Rodrigo Giannetto, com direcção de Vivian Alano e Padu Estevão. O reality é licenciado e produzido pela Endemol Shine Brasil.