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Luanda vai acolher em Junho, a 3.ª edição do Angotic – Fórum Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação, com mais de 150 expositores nacionais e estrangeiros, incluindo duas angolanas criadoras de um aparelho tecnológico de diagnóstico não invasivo da malária, principal causa de mortes no país.
O Fórum Internacional de Tecnologias de Informação e Comunicação de Angola vai realizar-se de 12 a 14 de Junho, em Luanda, um espaço aberto ao debate de temas actuais, globais e futuros das TIC (tecnologias de informação e comunicação), à promoção da partilha de conhecimentos, facilitação de ‘networking’ para entidades governamentais, expositores, especialistas, e apresentação de inovações, bem como as tendências do sector.
Durante o anúncio do evento, aberto por Mário Oliveira, ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Adama e Awa Dieme, duas irmãs gémeas angolanas, de 20 anos, apresentaram o seu projecto tecnológico inovador, denominado “Awama”, que ajuda a diagnosticar a malária, doença endémica no país, sem ser necessário retirar sangue ao paciente.
As alunas finalistas do ensino médio apresentaram pela primeira vez o aparelho, que usa uma luz vermelha para detetar mudanças nos glóbulos vermelhos, que quando afetados pelo plasmódio, parasita que causa a malária, impedem a passagem dessa luz, na Fititel – Feira de Inovação Tecnológica do Instituto de Telecomunicações, em 2021, a porta de divulgação do projeto.
Em declarações à agência Lusa, Adama Dieme disse que o projecto levou dois anos de pesquisa, inicialmente lançado em teste no Hospital dos Cajueiros, no Cazenga, e actualmente ainda em experiência no Hospital Josina Machel.
Segundo Adama Dieme, aos pacientes é feito o teste não invasivo, colocando o dedo indicador no aparelho que criaram, com resultados em dois minutos, e depois o método tradicional, com a recolha de sangue ao indivíduo.
“Depois é feita a comparação entre os dois resultados e tem estado a coincidir”, disse a estudante.
Adama Dieme frisou que continuam as pesquisas para o aperfeiçoamento do projecto, destacando o apoio da instituição escolar, com algum material, contudo insuficiente, apelando ao Ministério da Saúde e outras instituições por mais ajuda.
A jovem estudante realçou que a malária é um problema não só em Angola, mas em todo o continente africano, com destaque para a zona subsaariana.
“A doença que causa mais mortes em Angola é a malária, então fazer um projecto que venha a ajudar o tratamento da malária é o que mais nos motiva”
A estudante lembrou que o método usado ainda hoje é mais demorado e dispendioso, pois “é preciso reagentes, fazer a secagem das lâminas, que são reutilizadas e podem causar muita margem de erro”.
As pesquisas agora, realçou Adama Dieme, vão no sentido de detetar, por exemplo, a espécie do plasmódio.
“Isso vai facilitar imenso, porque muitas vezes quando vamos ao hospital é nos dito apenas que temos dois por campo, mas não sabemos o tipo de plasmódio (…) é mais apropriado saber a espécie, de que [parasita unicelular] protozoário fomos picados”
Além de apoio financeiro, as jovens estudantes pedem patrocínio para elevarem os seus conhecimentos, na área das tecnologias de informação, com interesse agora também na telemedicina.
“Apenas o que necessitamos nesse preciso momento são patrocinadores para colocarmos o nosso projecto no mercado, com melhorias”, acrescentou.