Mais de 40 edifícios com cerca de 4 500 apartamentos na centralidade do Zango zero “Vida Pacífica”, encontram-se desabitados.
Enquanto muitos jovens clamam por uma habitação, na Centralidade do Zango zero, mais de 40 edifícios com cerca de 4 500 apartamentos estão desabitados. Para alguns jovens contactados pelo POC Notícias, “trata-se de uma má gestão, falta de amor aos angolanos e mais uma manobra do governo e de quem gere as centralidades para tirar proveito em períodos eleitorais”.
Eduardo Costa, de 37 anos de idade, um dos jovens que fez a sua inscrição no último concurso realizado pela Imogestin, para acesso as centralidades, considera que esse grande número de apartamentos fechados mostra que os concursos e os processos de acesso são realizados apenas para enganar os cidadãos.
“É inadmissível que numa altura em que está cada vez mais difícil a realização do sonho da casa própria e que muitos jovens procuram por uma habitação, estejam encerrados mais de 40 edifícios. Porque motivo estão fechados e para quando a entrega ou venda dos apartamentos aos jovens?”, questiona o nosso entrevistado, Eduardo Costa.
“É inadmissível que numa altura em que está cada vez mais difícil a realização do sonho da casa própria e que muitos jovens procuram por uma habitação, estejam encerrados mais de 40 edifícios. Porque motivo estão fechados e para quando a entrega ou venda dos apartamentos aos jovens?”
Por sua vez, Janice dos Santos, funcionária bancária de 30 anos de idade, refere que Angola vive um significativo défice habitacional e que não compreende, tal como muitos cidadãos, por quê até agora o Governo não colocou os apartamentos à disposição de quem precisa?
Recorde – se que até Fevereiro deste ano, mais de dois mil apartamentos encontravam-se há cinco anos abandonados na centralidade do Capari. Na altura as autoridades justificaram que questões técnicas estavam a impedir que os imóveis fossem habitados.
Norberto Muteka, sociólogo e docente universitário, considera que não existe vontade de quem governa de ver os apartamentos habitados. “É vergonhoso e desumano o que os nossos governantes têm feito na gestão destas centralidades. Não se pode entregar os apartamentos só em fase eleitoral, o processo de cedência de casas tem de ser mais célere, transparente e fiscalizado”, defende o sociólogo.
“É vergonhoso e desumano o que os nossos governantes têm feito na gestão destas centralidades. Não se pode entregar os apartamentos só em fase eleitoral, o processo de cedência de casas tem de ser mais célere, transparente e fiscalizado”
Norberto refere ainda que diante de pessoas que têm condições para pagar as casas, as mesmas estejam trancadas e mesmo depois de terem custado muito dinheiro aos cofres do Estado.
Face ao cenário que se vive, e mesmo depois do último concurso realizado que também foi visto pelos populares como mais um sem sucesso e transparência, não se sabe ao certo o tempo que os mais de 4 500 apartamentos no Zango zero estarão encerrados. O POC Notícias contactou a Imogestin, mas infelizmente até ao fecho desta matéria não recebeu nenhuma resposta da instituição.
A Centralidade do Zango zero, “Vida Pacífica”, encontra-se na zona sul do município de Viana, estendendo-se por uma área aproximada de 22 hectares. O Projecto tem 2 464 fogos habitacionais, distribuídos por 22 edifícios.
O Projecto habitacional é composto por seis blocos, com capacidade de albergar uma população estimada em 16 mil 700 habitantes. O conjunto de blocos habitacionais é composto por 22 edifícios com tipologias T3 e T4. No projecto foram concebidos 13 edifícios com tipologia T3, do tipo A, e nove edifícios com tipologia T4, do tipo B, onde foram projectados oito apartamentos por piso, totalizando 112 apartamentos por edifício.
POC Notícias, Domingos Barros