Gestor é acusado, num grupo de cartas-denúncias, de gestão danosa, violação da Lei Geral do Trabalho e das regras do corporate governance, além de se furtar ao pagamento dos descontos para segurança social e encargos fiscais junto da AGT, documento que já seguiu para vários organismos públicos e organizações de defesa dos direitos dos trabalhadores.
O patrão e gestor principal do grupo de Comunicação Social Media Rumo, Domingos Vunge, está a ser acusado, por um grupo de ex-trabalhadores, de ter acumulado uma dívida que ultrapassa os 200 milhões de kwanzas e 300 mil euros. O empresário recusa-se a pagar esta dívida mesmo depois de a ter reconhecido em carta assinada, de acordo com o documento que o POC Notícias teve acesso.
Do total da dívida, estão incluídos aproximadamente 56 milhões de Kwanzas e cerca de 84 mil euros referentes à dívida salarial aos subscritores desta missiva. Além das dívidas com rendimentos dos ex-trabalhadores, somam-se ainda as dívidas referentes aos pagamentos dos descontos com a segurança social, além de vários encargos fiscais que o grupo, detentor dos jornais Mercado, Vanguarda e Revista Rumo, contraiu com a Administração Geral Tributária.
No caso das dívidas com o Fisco e o INSS, a Media Rumo tem a liquidar um total de 300 milhões de Kwanzas, verbas acumuladas desde 2017, exactamente no período áureo daquela organização de media que, quando foi erguida, tinha de tudo um pouco, entre salários chorudos para jornalistas e carros de apoio a vários séniores dos mais varias meios de imprensa do grupo.
“Do total da dívida, estão incluídos aproximadamente 56 milhões de Kwanzas e cerca de 84 mil euros referentes à dívida salarial aos subscritores desta missiva”
De acordo com a nota, o grupo de ex-trabalhadores já dirigiu as cartas aos órgãos do Estado e organizações de defesa dos direitos dos trabalhadores, denunciando o não pagamento de dívidas aos ex-funcionários bem como os inúmeros atropelos à Lei Geral de Trabalho numa gestão que consideram danosa da parte do seu accionista e PCA, Domingos Vunge.
Nas missivas, o grupo de trabalhador que assume a designação de TASK FORCE diz que actua em seu nome e “na condição de ex-funcionários amplamente prejudicados pela empresa Media Rumo S.A., com sede no Centro Logístico de Talatona, armazém C6 e C7 e cujo gestor principal ou Presidente do Conselho de Administração é o mesmo senhor Domingos Vieira Vunge.
O Task Force enumerou vários pontos que, segundo os signatários da carta, Domingos Vunge e sua organização violam. Num dos pontos, os ex-trabalhadores apontam que a empresa Media Rumo S.A. não segue as regras mínimas de Corporate Governance, já que o Conselho de Administração não funciona de modo colegial. “Até porque todos os restantes administradores desvincularam-se da empresa. Logo, todos os actos praticados pelo Sr. Domingos Vunge são, por lei, irregulares e ilegais quanto mais seja por estarmos a falar de uma sociedade anónima”, lê-se na nota do ex-trabalhadores que está a ser amplamente distribuída pelos portais de internet de vários meios de comunicação e redes sociais.
“O empresário recusa-se a pagar esta dívida mesmo depois de a ter reconhecido em carta assinada”
As denúncias não ficam por aí. Ao POC Notícias, o Task Force conta ainda que a Media Rumo tem mais de 10 processos judiciais a correm trâmites legais nos tribunais, e que Domingos Vunge, usando da prerrogativa de ser um membro do Conselho Económico e Social do Presidente da República, faz uso abusivo dessa qualidade, cometendo “irregularidades contra os seus trabalhadores, pensando, erradamente, que esta posição o protege e o torna intocável”.
“A Task Force considera também que a Media Rumo é um dos exemplos mais claros e visíveis de gestão danosa e errática, até porque, pois, o senhor Domingos Vieira Vunge apropria-se dos valores que entram em caixa para o seu uso pessoal ou utilização indevida noutras empresas, nomeadamente, DV Cafés, Casa dos Frescos, Cuidados Têxteis Industriais (5ÀSEC) ou A Minha Cantina”, prosseguem os ex-trabalhadores, na carta.
Face a estas irregularidades, a Task Force diz não ter outras alternativas senão a de iniciar uma campanha de denúncias pelos meios de comunicação social de Angola e dos PALOP´s para que os seus direitos sejam respeitados, as dívidas liquidadas e danos directos e indirectos sejam reparados.
POC Notícias
